“Até o clima dá saudades do Maranhão”
Água e energia
Da Coluna do Sarney
No
mundo inteiro, todos estão sentindo que o clima da terra está mudando.
Não se trata mais de teoria, da emissão de carbono que ao longo dos
milênios foi se acumulando e dos níveis a que a civilização industrial,
com a globalização do modelo industrial, fez chegar mais cedo, de tal
modo que hoje estamos sentindo as consequências. Nunca fez tanto calor
nas áreas que sempre foram quentes e tanto frio nas áreas que são frias.
Do
mesmo modo, nunca choveu tanto e tantas inundações se processaram,
devastando cidades e plantações, com a consequência de vermos se
pronunciar — com a realidade e não com teorias — o contraste entre as
regiões secas e as regiões frias. O Nordeste há cinco anos enfrenta a
maior seca que já sofreu desde que se tem conhecimento delas, e o Rio
Grande do Sul tem vivido tantas inundações que seus registros não estão
mais nos aparelhos que medem as precipitações, os pluviômetros, mas nas
más memórias dos mais velhos.
Durante
quinze anos fui presidente do Conselho Editorial do Senado, que tem
prestado imensos serviços à cultura brasileira, editando obras raras e
clássicas, que não se encontram mais no mercado e só nos sebos ou com os
colecionadores de livros. Pois bem, quando se aproximou a mudança do
século imaginei e publiquei um livro que era uma coletânea de artigos
das melhores cabeças do país sobre o que pensavam que ia acontecer no
século XXI, sobretudo os problemas quemais iriam nos atingir. Chama-se O
Livro da Profecia e hoje é raridade bibliográfica, pelo sucesso que
fez.
Entre os articulistas, escolhi o
Eliezer Batista, que mandou-me, ao contrário dos outros colaboradores
que escreveram bastante, duas páginas — e nessas duas páginas ele
resumia sua visão em dois problemas: Água e Energia. Ele previa que o
problema maior seria o da água no planeta, do esgotamento da água para
consumo humano, que levaria até mesmo a guerras pela disputa desse
elemento essencial para a vida. O outro seria a energia, que cada vez
vai ficando mais escassa, esgotando-se as fontes naturais de sua
geração. Daí a busca de energias alternativas, solar e eólica, únicas de
que não há perspectiva de extinção.
Agora,
novas técnicas, o chamado craqueamento ou óleo de xisto, transformou os
Estado Unidos de novo nos maiores produtores de petróleo e fez o preço
dessa matéria prima baixar e causar reflexos na economia mundial. Mas é
também finito, além de toda a polêmica ecológica que carrega. Estou em
Brasília, onde não fazia tanto calor, ontem os termômetros marcaram 38
ºC. Em 1960, quando aqui cheguei, o cima era agradável, fresco, “risonho
e franco”, como dizia Casimiro de Abreu em “As Primaveras”.
Hoje
sinto saudades do clima do Maranhão, dos ventos gerais de setembro e
outubro e do agradável calorzinho que nos traz nostalgia.
Só posso terminar este artigo dizendo:
– Agora, até o clima dá saudades do Maranhão